sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Modelo do Perceptrom

Sexta-feira, Novembro 20, 2009
Uma revolução na área da Genética?
Se a visão de que para cada doença genética temos centenas ou milhares de genes como possíveis fatores, cada um deles explicando apenas uma pequena quantidade de casos, se tornar dominante, teremos uma revolução nas "promessas do genoma" para a medicina. Se isso se confirmar também para organismos mais simples como o Amarelinho e o genoma do câncer, teremos uma revolução até mesmo dentro da FAPESP...
Uma visão ainda mais radical é que uma doença "genética" é desencadeada por vários fatores cooperando ao mesmo tempo, parte deles genéticos, parte epigenéticos, parte ambientais, parte puramente acidentais. Ou seja, a probabilidade de ocorrer uma dada doença seria dada, por exemplo, por um perceptron sigmoidal com N entradas:
Y = SIG( SUM_i W_i X_i - Lambda)
onde Y é a probabilidade da doença ocorrer, SIG é a função sigmoide, SUM é o somatorio, W_i é o peso com que o fator X_i contribui para a doença e Lambda é um limiar).
Imaginem agora se tivermos N da ordem de dezenas ou mesmo centenas (ou mesmo milhares, pois parte dos X_i podem ser tão individuais como traumas psicológicos de tipo específico). Teremos centenas de fatores que contribuem, mas nenhum decisivo, nenhum necessário. Basta apenas que o campo total h = SUM_i W_i X_i , ou seja, a soma ponderada dos fatores, seja maior que o limiar para que a doença "genética" se desenvolva.
Isso seria o fim de qualquer tipo de terapia gênica e certamente, de qualquer prática eugenista. Ou seja, a Eugenia sairia do campo da ética (não fazer eugenia por motivos politicos e éticos) e cairia no campo científico (ou seja, a eugenia para eliminação de "doenças genéticas" simplesmente não iria funcionar na prática, não seria factivel ou operacional).
É claro que os mecanismos poderiam ser redes ainda mais complexas do que perceptrons! Poderiam ser perceptrons multicamadas ou mesmo redes com feedbacks, ou seja, redes onde os atratores seriam os fenótipos, os organismos seriam multifenotípicos e os diferentes atratores seriam atingidos dependendo da história do indivíduo, da fecundação até o presente estágio psicológico do mesmo. Dinâmicas que dependem fortemente da história passada são chamadas de "dinâmicas vítreas", por analogia com um dos maiores mistérios da física atual que é a teoria dos materiais vítreos.
As figuras acima mostram um perceptron simples, um perceptron multicamadas e uma rede de atratores. Se você quiser saber mais, basta consultar a Wikipedia, de preferencia em inglês!
Postado por Osame Kinouchi às Sexta-feira, Novembro 20, 2009
Marcadores: genoma, neural networks, psychology
1 comentários:

Leo disse...

Ainda que boa parte das doenças tenham fatores ambientais significativos (ou até mais importantes do que os genéticos), ainda sobrarão aquelas que são predominantemente genéticas, e para estas o controle genético (o qual for) ainda seria de interesse.

Achei curioso a sugestão do modelo do perceptron, eu não pensaria nele, se entendi a função sigmóide modela uma distribuição acumulada de uma em forma de sino, isto sobre a combinação linear dos fatores.
11:00 AM, Novembro 20, 2009
http://comciencias.blogspot.com/2009/11/uma-revolucao-na-area-da-genetica.html?showComment=1258722024542#comment-c4246272649975468486

Um comentário:

  1. Caros Osame e Leo:
    Trabalho com doenças crônicas em pessoas e minha experiência é que as doenças puramente genéticas ou puramente ambientais são extremos em uma distribuição de frequencia de causalidades de doenças crônicas. No extremo da doença puramente genética terapia gênica provavalmente funcione e seja útil. Acho que as doenças com forte causalidade ambiental são outro extremo, e atualmente devem ter uma frequencia maior que as apenas genéticas, por exposição a substâncias danificadoras do controle regulador genético, das proteínas e membranas celulares, como a poluição do ar, da água, "alimentos" industrializados, e outros.
    O modelo do perceptron explica a causalidade da maior parte das doenças crônicas. O raciocínio genético de causalidade unicausal ou oligocausal predominantemente não faz sentido em termos biológicos. Os seres vivos foram selecionados para ter maior adaptabilidade ao meio e o modelo do perceptron justifica, garante esta adaptabilidade. O modelo genético estrito aumentaria a vulnerabilidade dos seres vivos, o que é menos provável, pelo que se observa.
    Ab., Cláudio Brasil

    ResponderExcluir